INTRODUÇÃO

O envelhecimento humano se tornou uma preocupação socioeconômica e cultural na sociedade contemporânea, inclusive no Brasil. O aumento da expectativa de vida é acompanhado por novos campos de trabalho, como é o caso da Gerontologia, e de vários serviços visando oferecer opções para o uso e ocupação do tempo livre da população idosa.
Dentro desse contexto, a ONGCSF, em 2005, começou a realizar cursos e oficinas com a população adulta e idosa de São Carlos através do que chamou de Gerontagogia Holonômica. De forma geral, esta proposta educativa visa auxiliar no processo de individuação (JUNG, 1991, 1994 e 1998) da idosa com o objetivo de integrar sua personalidade (ego) ao Self, sua essência anímica ou a "consciência da individualidade", estimulando e auxiliando na sua autorrealização, ou seja, atingindo os objetivos da Animagogia que seria o despertar dos atributos do Espírito, possibilitando o surgimento de um outro modo de ser, pensar e agir na vida cotidiana: o Homo spiritualis.
A Gerontagogia Holonômica, segundo a ONGCSF, seria a práxis educativa que tem como meta ajudar na promoção da Animagogia da pessoa adulta e idosa, compreendendo o ser humanizado como multidimensional, ou seja, que a vida humanizada ocorre em pelo menos quatro dimensões simultaneamente e dentro de um continuum ordenado, mas não cartesiano (com partes existentes separadamente e em interação, mas como uma totalidade indivisível e inseparável) e que a fragmentação ou a não compreensão da relação entre as partes acontece porque o elemento "observado" (objeto de estudo) não está separado do "instrumento de observação" (métodos, teorias, paradigmas...) o que resulta em crises ambientais, sociais, políticas, mas também mentais e espirituais (aqui podemos pensar nos indivíduos que transcendem a lógica fragmentária da vida humanizada e que costumam, frequentemente, serem classificados ou diagnosticados como esquizofrênicos, paranoicos, psicóticos entre outros rótulos, incluindo as pessoas que afirmam serem médiuns).
 Estas quatro dimensões a que fizemos referência, são, didaticamente, identificadas pela ONGCSF com nomes já utilizados por outras abordagens, como é o caso da Logoterapia de Viktor FRANKL, porém, as relacionando com a ideia de holomovimento proposta por David BOHM:

Biosfera - corresponderia ao plano da vida material onde vibra nosso corpo físico e acontecem as relações com a natureza e com o mundo circundante, intermediado pela corporeidade. É o locus também da sociosfera e da tecnosfera, que interagem entre si e com a Biosfera, a transformando continuamente. A Biosfera seria o ambiente da vida encarnada, onde vive e age, entre outros, o Ser humanizado encarnado. Este "mundo" material ou "realidade", do ponto de vista da ONGCSF é similar ao proposto na fenomenologia, ou seja, de que há um único "mundo", mas que ele é apreendido e representado de forma diferente por cada indivíduo e por cada grupo sociocultural. Essa perspectiva, portanto, não se confunde com a empirista, na qual a consciência seria apenas um reflexo do mundo, ou seja, que se trataria de um epifenômeno da vida orgânica. Porém, também não se confunde com o idealismo solipsista que vai afirmar que o "mundo" seria uma projeção da mente ou da consciência, e que a matéria só passaria a existir quando olhamos para ela, concluindo que, cada pessoa, "cria" o seu próprio mundo.
A Biosfera, na ótica da ONGCSF, seria a "ordem explícita" que deriva de uma ordem "implícita": a Psicosfera que abordaremos a seguir.

Psicosfera - Seria o plano onde vibram as energias psíquicas e acontecem as trocas energéticas intersubjetivas de ordem emocional e mental. E, concordando com JUNG (1994), a ONGCSF afirma que as energias psíquicas não podem ser quantificadas, apenas sentidas em sua intensidade e qualificadas. A Psicosfera envolveria o corpo físico, mas também impregnaria as formas e objetos materiais e também a natureza. Além disso, na Psicosfera, se encontrariam, em tese, outras formas materiais que não sensibilizariam nossos sentidos, mas que nos afetariam de alguma forma e que poderiam, em alguns casos, serem descritos por videntes e sensitivos. E além de "objetos", nesta dimensão estariam presentes também os "corpos" dos Espíritos que se manifestam em trabalhos mediúnicos. Se a Biosfera é o ambiente, a Psicosfera corresponde a ambiência que nos envolve com suas energias "positivas" ou "negativas". O ego, a "consciência humanizada da personalidade", segundo a ONGCSF, e que atua no estado de vigília, vibra nessa dimensão, incluindo também o que se costuma  chamar de "inconsciente pessoal" e de "sub-consciente". As percepções extrassensoriais também seriam atividades do ego, segundo as teorias difundidas pela ONGCSF, pois bastaria reduzir um pouco as ondas cerebrais para se entrar em contato com essa dimensão extrassensorial.
Fazendo um estudo comparativo, podemos identificar no que a ONGCSF chama de psicosfera uma grande semelhança com os planos "astral" e "mental inferior" da Teosofia proposta por Helena BLAVATSKY e outros estudiosos dos fenômenos ocultistas.
Em suma, na perspectiva até aqui descrita, a relação entre a Biosfera e a Psicosfera seria intensa e sua separação apenas de grau. Assim, como salientado, bastaria diminuir um pouco as frequências de nossas ondas cerebrais para interagirmos com os seres e com as matérias desta dimensão. As "colônias espirituais" e outros locais descritos em romances espíritas, por exemplo, existiriam ou vibrariam nessa dimensão chamada de Psicosfera. Ela corresponderia também ao mundus imaginalis estudado por Henry CORBIN (1969), não sendo, portanto, uma fantasia mental, mas o "mundo" acessado através de alguns fenômenos psíquicos e o ato de "canalizar" informações presentes nesta dimensão, seja através da psicografia, da telepatia, da premunição, entre outras atividades extrassensoriais são chamadas pela ONGCSF de "captação psíquica". A mediunidade, assim como práticas terapêuticas como a Apometria, criada pelo médico brasileiro dr. José Lacerda, e a Constelação Familiar, criada por Bert Hellinger, atividades que são realizadas na ONGCSF, através do Centro de Referência Comunitária em Tratamentos Naturais, Complementares, Integrativos e Populares seriam também formas de "captação psíquica".
Segundo as teorias propostas pela ONGCSF haveria uma Psicosfera "inferior" e uma "superior". A primeira é onde vibra a consciência dita normal ou no estado de vigília. A  segunda envolve o "subconsciente" e o "inconsciente pessoal" (para JUNG seria a Sombra) e também os fenômenos ditos psíquicos ou paranormais, como a premonição, a telepatia, a mediunidade, entre outras. Em linguagem esotérica poderíamos dizer que a consciência normal vibra na "terceira" dimensão e o subconsciente na "quarta", mas ambas estariam contidas na Psicosfera e seriam atributos do ego, a "consciência humanizada da personalidade" que vamos aprofundar adiante.
Por sua vez, apesar de ser uma "ordem implícita" quando relacionada à Biosfera, ela também seria um holos que gozaria de certa relatividade, mas que derivaria de uma outra, mais profunda: a Noosfera.

 Noosfera - Esta seria a dimensão onde vibram, em tese, as energias chamadas de noéticas e que comporiam as estruturas fundamentais do mundus imaginalis e onde residiriam as imagens arquetípicas, captadas, na maioria das vezes, de forma intuitiva ou em estados ampliados de consciência. Aqui vibraria o Self, ou a "consciência humanizada da individualidade". Poderíamos também chamar a noosfera como a dimensão da alma humanizada. Aqui não haveria mais traços da personalidade, ou seja, não haveria distinção homem/mulher, branco/negro, africano/europeu etc. Essa alma humanizada, para a ONGCSG, seria capaz de se lembrar de todas suas experiências encarnadas, pois seria nessa dimensão que ocorreriam as possíveis escolhas dos "gêneros de existência", ou seja, onde essa alma humanizada, já despertada de sua última personalidade, faria uma avaliação do que precisaria aprender e poderia, assim, planejar uma nova experiência na biosfera. Nesse sentido, essa alma criaria uma espécie de avatar ou personagem, escolhendo se ele será homem ou mulher, o país onde iria encarnar, opção sexual etc. Enfim, todas as características que formariam uma personalidade não aconteceriam por acaso ou por determinação genética, mas seriam fruto das escolhas realizadas por essa alma humanizada.
Dentro dessa perspectiva, o que JUNG chamou de "inconsciente coletivo" seria uma "transconsciência" capaz de registrar todas as experiências já vivenciadas por essa alma humanizada. Em outras palavras, a alma seria como uma espécie de ator que, a cada novela, vivencia um novo personagem. Mas a somatória de toda a experiência não se perde, constituindo-se em um patrimônio inalienável.
Nesse sentido, uma pessoa que, em estado ampliado de consciência, acessa imagens de uma suposta vida passada, teria conseguido acessar parte de informações que se encontra nesse plano, pois aqui vibraria o "inconsciente coletivo" que seria, portanto, a consciência anímica ou o "eu superior". E seria nesta dimensão chamada de noosfera onde ocorreria a primeira etapa da "humanização do Espírito", uma vez que, segundo a ONGCSF, o Espírito, enquanto essência divina, não seria humano, mas pode se humanizar.
Em linguagem esotérica, poderíamos dizer que o Self vibra na "quinta" dimensão e que nunca adoece. Na Abordagem proposta pela ONGCSF, o Espírito só seria capaz de planejar uma nova encarnação quando desperta plenamente o seu Self, o que só aconteceria nessa dimensão, e não na Psicosfera, onde ainda se encontraria iludido pelo personagem vivenciado em sua última experiência encarnatória. Por isso, os seres humanizados incorpóreos que se manifestariam em trabalhos mediúnicos, ainda agiriam motivados pelo ego de sua última encarnação, apesar de não mais terem corpos físicos. Antes de uma nova encarnação, estes seres precisariam passar pela "segunda morte", que seria o desligamento do ego e a recuperação da consciência humanizada plena, ou a "consciência da individualidade humanizada".
Fazendo uma comparação com a estrutura metafísica da Teosofia, a Noosfera corresponderia ao chamado plano do "mental superior" e ao "mundo causal". Aqui vibrariam as estruturas antropológicas do imaginário e que são universais, ou seja, estão presentes em todas as culturas, do passado e do presente. Aqui residiria a unidade que vai se manifestar na diversidade presente tanto na Psicosfera como na Biosfera, no mundo dos "seres humanizados incorpóreos" e dos "seres humanizados encarnados".
A Noosfera, portanto, é o locus onde vibraria o "inconsciente coletivo" junguiano. Seria nessa dimensão que se localizariam as imagens arquetípicas ou as estruturas antropológicas do imaginário, conforme estudou DURAND (1997) e que estariam na base de toda criação humana, seja no campo da ciência, da arte, da religião, da filosofia etc. E o ato de "canalizar" informações supostamente presentes nesta dimensão é chamado de "captação noética", o que acontece através da intuição ou em estados ampliados de consciência que não se confundem com a percepção extra-sensorial, que, em tese, seria uma conexão com a Psicosfera.
E ainda sob inspiração da perspectiva bohmiana, a ONGCSF compreende que a Noosfera deriva de uma "ordem implicita" fundamental: a dimensão espiritual que é chamada de Logosfera, no sentido de "fundamento", "princípio com Deus" e não necessariamente como sinônimo de "razão", como faz a filosofia moderna.

Logosfera - Seria o plano "espiritual" propriamente dito, onde vibram as energias do amor, da felicidade/entusiasmo, da paz interior, entre outras, e que formariam os atributos do Espírito. Este plano é o que as religiões chamariam, por exemplo, de nirvana (budismo) ou reino de Deus (cristianismo).
Como foi salientado, a ONGCSF postula que o Espírito se humaniza, mas não é humano. Assim, seria nessa dimensão que a consciência espiritual ou o Ser vibraria plenamente. Porém, não teríamos elementos para nos referir a ela, já que toda nossa criação mental e imaginária seria baseada em uma perspectiva humanizada. Somente os Espíritos que suspostamente superaram a fase humanizada de evolução recuperariam essa consciência espiritual e poderiam começar uma nova etapa evolutiva, chamada de "angelical", onde não haveria mais a necessidade da encarnação, pelo menos não da forma conhecida na Terra.
Enquanto algumas abordagens espiritualistas associam o Self à consciência espiritual, a ONGCSF vai postular que existe a "consciência espiritual", a "essência divina", Atman ou Logos que, no processo de humanização do Espírito, deriva ou se desdobra no Self, a "consciência humanizada da individualidade". Esta é que faria as escolhas das provações e que teria a capacidade de armazenar toda a experiência adquirida ao longo de inúmeras encarnações humanizadas  e que estariam presentes no chamado "inconsciente coletivo". O Self, portanto, na ótica aqui estudada, não seria ainda a real consciência espiritual. A ela só teríamos acesso após vencer a etapa humanizada da evolução para nos preparar para o início da fase seguinte: a "angelical". E da mesma forma que esta seria a etapa seguinte no processo de evolução, pressupõe-se que outras etapas foram também vivenciadas pelo Espírito antes de sua humanização.
Seria neste plano espiritual propriamente dito que residiriam os arquétipos que, seguindo os pressupostos de JUNG, a ONGCSF afirma que não teríamos acesso. E este plano espiritual só poderia ser identificado porque algumas experiências subjetivas como as que os místicos chamam de samadhi, zazen, nirvana ou reino de Deus a presentificam.  Este plano estaria além de todo entendimento ou compreensão humana e quando ele é "atingido", através de práticas meditativas ou orações fervorosas, por exemplo, é como um mundo sem pensamentos ou imagens. A única coisa que se pode sentir e que indica que ele "existe" é a sensação de bem-aventurança, de plenitude, de integração com todas as coisas, de felicidade incondicional, de amor por todos os seres etc. São esses "sintomas" que a Animagogia postula como sendo os atributos do Espírito e que indicam, em tese, a "existência" dessa dimensão que pode permanecer adormecida durante nossa vida humanizada e encarnada caso não seja despertada através de práticas sociais e educativas espiritualistas, como se pretende com os projetos de anima-ação cultural promovidos pela ONGCSF.
A Logosfera que seria a "realidade última" não se confundiria com o "vácuo quântico", como postulam autores como F. CAPRA (1983) e outros. O "vácuo quântico" seria localizado na transição entre a Psicosfera e a Biosfera, similarmente ao prâna das psicosofias orientais, a energia que está presente em todas as formas materiais.
A ONGCSF deixa entrever que, provavelmente, haveria outras dimensões além destas quatro, mas que elas, na essência, formariam sempre apenas uma, sendo a distinção entre elas uma mera ilusão ou um desdobramento da fundamental e assim sucessivamente, uma vez que formam uma Totalidade. Ou seja, onde a parte contém o Todo. Porém, a compreensão de que a dimensão espiritual seria a "ordem implícita" da qual as demais apontadas acima derivam, já se permitiria compreender a dinâmica da vida na Terra e vencer o jogo da vida humanizada encarnada. E essas "dimensões" estariam, paradoxalmente, "dentro" e "fora" de nós. Por isso, tanto os Ocidentais que a buscam "fora" como os Orientais que a buscam "dentro" seriam capazes de encontrar o "reino de Deus" ou o "Nirvana". O objetivo da Animagogia, o programa educativo proposto pela ONGCSF é o despertar dos atributos do Espírito para que a vida humanizada encarnada seja vivenciada com habilidade espiritual, ou seja, despertando o Homo spiritualis, que seria o "terceiro excluído" na relação entre o Homo religiosus e o Homo profanus, os dois modos de ser, pensar e agir no mundo tão bem estudados por Mircea ELIADE (1996).
Dentro de sua cosmovisão, a ONGCSF afirma que a encarnação é como um jogo de videogame. O jogador, no caso a alma humanizada, cria um avatar (uma personalidade) e entra no cenário da provação: a Biosfera. Quanto mais experiência e sabedoria adquirida em vidas passadas, mais facilidade encontraria para vencer suas provas, escolhidas voluntariamente, e que consiste em despertar os atributos do Espírito durante a vida humanizada e encarnada. Se não consegue atingir o seu intento, como um jogador, reinicia a "partida".
Para a ONGCSF essas quatro dimensões podem ser vivenciadas experimentalmente através de diferentes práticas, sobretudo, as meditativas. Assim, os fenômenos psíquicos, noéticos e espirituais associados a cada uma das dimensões acima seriam reais e, nesse sentido, se explicaria o porquê do Ser humanizado encarnado, com frequência, buscar um estado de totalidade, ou seja, de inclusão destas "partes" de forma que se sinta "são", uma palavra que, além de ter saúde ou estar saudável, indica a condição daqueles que atingiram a santidade no catolicismo e, em sua raiz linguística, está associada a ideia de "inteiro", "totalidade" ou "completude". Em suma, ser são é ser inteiro e não mais fragmentado.
A divisão acima, apesar de se basear em experiências empíricas, obviamente que subjetivas, foram também relatadas de outras formas pelas tradições religiosas e por místicos. Algumas escolas espiritualistas, como é o caso da Teosofia, divide em sete dimensões, mas todas estão contempladas nas quatro acima. Outras, em apenas três ou duas, como é o caso respectivamente do Espiritismo e do Catolicismo.
Como salientamos, a cosmovisão aqui exposta se inspirou nas teorias do holomovimento de David BOHM (2008), ou seja, que entende o Universo como uma totalidade indivisível, de forma que a parte sempre contem o Todo e que a visão fragmentada é muito mais o fruto ilusório de um "instrumento de observação" equivocado, uma vez que não é possível separar o que se observa do "instrumento de observação" e que a "ordem explicita" deriva sempre de uma "ordem implícita".
E, para fins didáticos, a ONGCSF classifica e individualiza os fluxos energéticos em cada dimensão para facilitar a identificação de suas finalidades e produções espirituais, noéticas e psíquicas, sobretudo, as imagéticas e simbólicas. Assim, a energia irradiada pela matéria física, que já se sabe que é irradiada de forma descontinua e na forma de pacotes de energia, o quantum conforme classificação de Max PLANCK, em 1900, recebe esse mesmo nome: quantum. Assim, seria o quantum que formaria a matéria presente na "ordem explícita" e que é chamada de Biosfera.
Por sua vez, a energia psíquica que JUNG afirmou não poder ser quantificada ou medida, pelo menos não se tinha quando ele produziu sua vasta obra e ainda não se tem equipamentos capazes de fazer essa medição, apesar de alguns videntes e sensitivos afirmarem que são capazes de ver essa energia que, em tese, tem cor e forma, é  identificada como sendo o qualitum, uma vez que, para a maioria das pessoas, ela só poderia ser sentida em sua intensidade e qualificada. Essa energia psíquica impregnaria a matéria, os objetos, os ambientes o que explicaria, segundo a ONGCSF, fenômenos espiritualistas como a psicometria, ou seja, a arte de fazer uma captação psíquica tocando na roupa ou em um objeto de uma pessoa encarnada ou não.
Por sua vez, a energia que estaria por trás das representações arquetípicas e das estruturas imaginárias que, conforme as teorias junguianas e durandianas, seriam universais e, portanto, atemporais, estando presente na base de todas as representações simbólicas e culturais de todos os povos, em todas as civilizações e em todas as épocas, sendo as imagens-força presentes em todas as criações científicas, filosóficas, religiosas ou artísticas da humanidade são identificadas, na proposta aqui discutida, com o nome de conceitum para melhor compreensão de como essa força imaginal ou imagem-força age na criação do mundo humanizado incorpóreo (Psicosfera) e encarnado (Biosfera). Segundo a ONGCSF seria essa energia que estaria por trás das formas existentes na Psicosfera, onde aconteceria a personalização da individualidade para sua posterior encarnação na Biosfera.
Por fim, as energias que nos vem dos recônditos mais profundos do Ser e que resultam em estados de espírito classificados pelos orientais como nirvana, samadhi, zazem, satori entre outras denominações, ou como afirmam os cristãos místicos, o sentir o reino de Deus dentro de si, a ONGCSF identifica como sendo o divinum.
A classificação acima tem, sobretudo, como salientado, uma finalidade didática para auxiliar na identificação de alguns processos físicos, emocionais, mentais, noéticos e espirituais experimentados em práticas meditativas ou em outras que favorecem a vivência de um estado ampliado de consciência para facilitar sua compreensão e análise. Mas é importante salientar que, até o momento, a única que pode ser efetivamente comprovada e medida é o quantum, os pacotes de energia fartamente estudados pela física e cuja irradiação pode ser medida pela constante de Planck.
Compreendendo os quatro planos existenciais e seu continuum podemos abordar o porquê da ONGCSF chamar a práxis educativa com idosos realizado por ela de Gerontagogia holonômica. Em primeiro lugar, por pensar a pessoa idosa como uma totalidade e não de forma fragmentada. Assim, cada pessoa, e neste caso, a pessoa idosa, é um hólon, ou seja, um todo/parte que, ao mesmo tempo, é uma totalidade e parte de outras totalidades, gozando, portanto, de uma relativa autonomia.
E por valorizar a imaginação simbólica, as lógicas integrativas (não-dicotômicas) e também a dimensão existencial ou subjetiva da vivência do tempo e do espaço, de forma que estes não se tornam meras abstrações racionais, mas cotidianamente vivenciados, experienciados e sentidos, envolvendo, portanto, a integração entre a dimensão corporal, afetual e também espiritual nessa relação que, do ponto de vista educativo e organizacional, a Gerontagogia Holonômica aceita e pressupõe o cotidiano como sendo a esfera privilegiada de sua atuação.
Assim, a perspectiva holonômica adotada pela ONGCSF seria aquela que compreende a vivência cotidiana como sendo composta por uma pluralidade de formas sócio-sêmicas, muitas vezes paradoxais e conflituosas, mas que devem ser respeitadas e, sobretudo, que acolhe a álea, o risco e a desordem como elementos também estruturantes da vivência cotidiana. E esses princípios ao serem aplicados no processo educativo da população idosa, fundamenta a Gerontagogia Holonômica.
O termo holonômico vem de holos (totalidade) e nomia (lei), e foi utilizado na física de David BOHM (2008) para se referir ao holomovimento que é, por sua natureza, indefinível e incomensurável, o que leva cada teoria a abstrair um certo aspecto relevante e, dentro de um certo contexto, expor parte da ordem implícita ou implicada do holomovimento do universo.
E ao trazer essa reflexão para o nível dos sistemas vivos, a ONGCSF concorda com MORIN (s/d) em O paradigma perdido: a natureza humana, onde afirma que o erro e o ruído não são necessariamente degenerativos, podendo, inclusive, ser regenerativos, suscitar uma ordem nova e resultar em inovações, e onde os sonhos e as fantasias são capazes de produzir novas combinações, estranhas e surpreendentes, a partir de uma prodigiosa mistura do  sociocultural, do intelectual, do ambiencial, do ocorrencial, dos desejos insatisfeitos, entre tantos outros fatores bio-psico-sócio-espirituais.
Dentro dessa perspectiva, a Animagogia se processa através de projetos de anima-ação cultural que, entre eles, encontra-se o realizado com adultos e idosos chamado pela ONGCSF de Gerontagogia Holonômica, onde cada participante é pensado e respeitado como uma totalidade indivisível e acolhido integralmente em sua dimensão biológica, psicológica, noética e espiritual.
Nesta pesquisa vamos concentrar nossos esforços no estudo da Gerontagogia Holonômica, particularmente, através do curso ministrado entre os anos de 2007 e 2015 chamado de "O poder da mente", um curso de 15 horas de duração que foi realizado nas unidades da FESC, na cidade de São Carlos, e cuja metodologia se inspira nas propostas de Educação Popular de Paulo FREIRE. Mas é importante salientar que o mesmo princípio é utilizado na Pedagogia (como a ONGCSF identifica a educação de crianças e jovens) e na Andragogia (a educação de jovens e adultos), identificando como holonômicas as práxis educativas que se orientem pela perspectiva apresentada acima.
E a Meditação Integrativa, uma atividade presente em quase todos os projetos de anima-ação cultural realizados pela ONGCSF, foi criada entre os anos de 2001 e 2003 a partir de uma experiência mediúnica singular que descrevemos na apresentação. E o fato de optar em estudar sua ação em um grupo humano tão específico, não significa que a Meditação Integrativa não possa ser utilizada em atividades de anima-ação cultural em outros contextos socioculturais. Aliás, ela já foi colocada em prática com jovens que frequentam a APAE, com policiais militares, com pré-vestibulandos, com pessoas com HIV e câncer e tem sido de grande valia também na redução da síndrome de burnout em profissionais da educação e da saúde, apesar de não ser o uso terapêutico sua principal finalidade, mas o animagógico, que é espiritualista e transreligioso, apesar de suas induções serem propostas sempre a partir do referencial simbólico do grupo que participa da atividade. Em outras palavras, a partir dos valores e crenças próprias do grupo se busca despertar os atributos do Espírito que são, dentro da estrutura metafísica aqui exposta, universais.
As induções realizadas na Meditação Integrativa visa, como o nome diz, integrar. Mas integrar o quê? Justamente as quatro dimensões apresentadas acima e também o enfoque Ocidental e o Oriental sobre a consciência. Ou seja, enquanto no Ocidente predomina uma visão unidimensional do ser humanizado, centrado na Biologia e afirmando que a consciência é um epifenômeno do cérebro ou da vida orgânica, valorizando muito mais o "mundo exterior", no Oriente vai predominar uma visão também unidimensional que afirma ser o mundo material ou orgânico maya, ilusão ou apenas um reflexo da mente, dentro de uma perspectiva solipsista, valorizando, assim, muito mais o "mundo interior". Porém, mais do que independentes ou dicotômicas, estas duas visões são complementares, na perspectiva adotada pela ONGCSF. Assim, apesar de compreender que o ser humanizado é um ser multidimensional e que cada dimensão é um hólon dentro de um hólon maior, sendo a dimensão espiritual a "ordem implícita", a Biosfera onde se processa a vida humanizada e encarnada do Espírito possuiria uma relativa autonomia e existência, com uma finalidade providencial. Assim, as duas visões acima, a Ocidental e a Oriental, são pensadas como complementares e que devem ser integradas.
Enquanto o Ocidente valoriza o ego e o Oriente valoriza o Self, a prática da Meditação Integrativa  é integrar essas duas dimensões da consciência humanizada. Porém, baseando-se nos depoimentos e relatos de diferentes pessoas que a praticaram na ONGCSF ou em outro local, fica evidente que ela também pode vir a ser pensada como uma possível Prática Integrativa e Complementar (PIC) na saúde pública e ser ofertada no SUS para um maior número de pessoas e não apenas em projetos de anima-ação cultural, daí a Meditação Integrativa ter sido inserida como uma das técnicas que formam a Terapia Vibracional Integrativa (TVI), praticada na ONGCSF e ensinada para cerca de cinco mil pessoas, no Brasil e em Portugal, desde 2003.
E como já salientamos, as pessoas que dizem ser médiuns ou que exercem essa prática social em algum contexto religioso ou laico costumam acessar ou manifestar em suas narrativas elementos que podem ser associados ao imaginal ou ao mundus imaginalis. Suas "narrativas visionárias" apresentam, com frequência, conteúdos psíquicos e noéticos extremamente ricos e, sobretudo, metanoicos, ou seja, que facilitam o processo de individuação ou de autorrealização do participante, completando, assim, sua animagogia, ou seja, ajudando no despertar dos atributos do Espírito de forma que possam vivenciar sua existência humanizada com habilidade espiritual, em outras palavras, como um Homo spiritualis.
Não descartamos, também, que dentro de uma perspectiva materialista, racionalista ou iconoclasta, essas "narrativas visionárias" poderiam ser interpretadas como algo destituído de qualquer valor pragmático ou até mesmo como algo patológico, como foi o caso de Emmanuel KANT (2013) ao estudar as de SWEDENBORG, conhecido no século XVIII como "vidente de espíritos". Tais narrativas costumam ser rotuladas de ilusórias ou irreais, e tratadas como fantasias ou ignoradas por serem apenas o fruto de uma imaginação fértil. Nessa mesma linha de raciocínio, um analista adleriano, por exemplo, tenderia a interpretá-las como compensações do inconsciente para superar o chamado "complexo de inferioridade".
Porém, dentro de uma ótica que valoriza a produção simbólica ou as manifestações arquetípicas do "inconsciente coletivo", como a que estamos aqui propondo, tais manifestações mitopoiéticas podem, inclusive, ser curativas. E a teoria que fundamenta a Meditação Integrativa é que o estado meditativo ou hipnagógico (intermediário entre o estado de vigília e o sono), permitiria suspender as barreiras do ego (estado de consciência normal que vibra na dimensão que chamamos acima de Psicosfera) de forma que este se integre com o Self (a consciência da individualidade que vibra em um plano mais profundo, identificado  como Noosfera), o que permitiria que as criações arquetípicas oriundas desta e as energias espirituais provenientes da Logosfera "desçam" para o consciente, o que possibilitaria serem sentidas ou qualificadas, despertando na vida humanizada o que a Animagogia chama de atributos do Espírito, ou seja, a felicidade, o amor, a equanimidade, a paz interior e outras relatadas por quem vivencia os estados chamados de samadhi, nirvana, reino de Deus, por exemplo.
A Noosfera e a Logosfera seriam, nesse sentido, planos transcendentais e, portanto, atemporais e independentes do espaço, pelo menos no sentido euclidiano, mas fariam parte do holomovimento do Universo, podendo ser encontradas tanto por quem as procura "dentro" como por quem as procura "fora" de si.
A integração do ego ao Self explicaria, por exemplo, o acesso de algumas pessoas às experiências de "vidas passadas" (uma forma de captação noética) ou, até mesmo, ter premonições sobre algo que vai acontecer no futuro ou manifestar a clarividência em relação a algo que está acontecendo em outro local, fora do alcance dos sentidos (uma captação psíquica), como a famosa descrição que SWEDENBORG fez de um incêndio em Estocolmo, em 1759, estando ele a 300 milhas de distância, fato posteriormente comprovado e relatado por Emmanuel KANT em uma carta publicada no livro A vida simbólica, de C. G. JUNG, e que reproduzimos abaixo:

Esta ocorrência parece ser a prova cabal dos poderes paranormais de Swedenborg. Às 4 horas da tarde de um sábado de setembro, do ano de 1759, Swedenborg chegou a Gotemburgo, vindo da Inglaterra e foi convidado à casa do sr. Wiliam Castel, junto com mais quinze pessoas. Por volta das 18 horas, Swedenborg deu uma saída e, momentos depois, retornou à sala, pálido e visivelmente alarmado. E, em voz alta, disse a todos que, naquele exato momento, um grande incêndio irrompera em Estocolmo, no bairro de Sodermalm e que o fogo se alastrava com muita rapidez. Swendenborg estava agitado e entrava e saía da sala. Disse que a casa de um de seus amigos, cujo nome declinou, estava em cinzas e que sua própria casa estava ameaçada pelo fogo. Às 20 horas, voltou à sala e exclamou exultante: "Graças a Deus! O fogo foi extinto a três portas da minha casa". O incidente causou forte impressão nas pessoas que o presenciaram e teve ampla repercussão na cidade. E chegou ao conhecimento do Governador naquela mesma noite. Na manhã do dia seguinte, domingo, o governador convocou Swedenborg ao palácio e quis saber todos os pormenores do sinistro. Swedenborg descreveu-lhe, minuciosamente, todo o incidente; como o incêndio tinha começado; quando tempo tinha durado e como tinha se extinto. Naquele mesmo dia o episódio se espalhou pela cidade e, com o endosso do governador, a notícia causou grande consternação. Todos lamentavam a sorte de amigos e parentes que poderiam ter sido atingidos pelo incêndio. Segunda-feira à noite chegou a Gotemburgo um mensageiro enviado pela Câmera de Comércio de Gotemburgo e que havia deixado a cidade durante o incêndio. As cartas trazidas por ele descreviam o sinistro tal qual Swedenborg o descrevera. Na manhã de terça-feira, chegou ao palácio do governador um mensageiro real trazendo o trágico relato do incêndio. Tudo coincidia, exatamente, com a descrição de Swedenborg; o fogo tinha sido, efetivamente, debelado às vinte horas do domingo". (JUNG, 1998, p. 314)

As tradições místicas orientais e também as ocidentais, utilizando outras nomenclaturas, abordam a existência destas possíveis dimensões transcendentais e também costumam afirmar que nelas não existe a possibilidade de existir qualquer enfermidade. As patologias, sejam físicas, mentais ou emocionais, só existiriam nas duas primeiras dimensões onde vibram o ego (ou seja, a Biosfera e a Psicosfera). Dentro dessa perspectiva, através do relaxamento e da indução animagógica, a Meditação Integrativa ajudaria o participante a acessar, em estado hipnagógico, as dimensões conscienciais mais "profundas" (a Noosfera, ou campo da imaginação simbólica e arquetípica onde vibram as estruturas do imaginário, e a Logosfera, que a ONGCSF considera como sendo a dimensão espiritual propriamente dita) e, através dessa integração do ego com o Self,  possibilitaria renovar a energia (quantum) de seu campo físico ou biológico e também as energias psíquicas (qualitum) do campo mental e emocional, o que favoreceria a cura de várias enfermidades, apesar de não ser este, necessariamente, o foco da Meditação Integrativa, mas sim o despertar dos atributos do Espírito de forma que a pessoa possa se autorrealizar e vivenciar sua vida humanizada com habilidade espiritual, em suma, sem sofrimento e com paz interior diante de qualquer vicissitude.
De uma forma figurada, é como se existisse uma grande barragem isolando o ego do Self e as energias mais profundas ficariam represadas aguardando o momento em que as "comportas" seriam abertas para que tal energia pudesse banhar as dimensões abaixo, renovando-as. Essa mesma imagem pode ser usada para explicar porque é necessário integrar o ego ao Self e não, como defendem algumas escolas espiritualistas, "matar o ego". Se isso acontecesse seria uma tragédia, afirma a ONGCSF, pois a pessoa perderia toda e qualquer referência humanizada ou egóica, semelhante a uma catástrofe ambiental quando uma barragem arrebenta e destrói tudo que encontra pela frente.
A Meditação Integrativa é realizada através de induções espiritualistas, mas não necessariamente religiosas. Daí serem chamadas de induções animagógicas. Ela também é uma forma de meditação bioenergética pois favorece a movimentação energética pelo corpo físico, levando o participante a salivar, bocejar, sentir arrepios, entre outros sintomas próprios das práticas de manipulação bioenergética.
Entre os anos de 2003 e 2016, a técnica foi ensinada por voluntários da ONG Círculo de São Francisco para cerca de 5 mil pessoas, em todo o território nacional e também em Portugal, gratuitamente, tanto em eventos acadêmicos como em espiritualistas. Junto com outras técnicas que formam o que vem sendo chamado desde 2005 de Terapia Vibracional Integrativa (TVI), a Meditação Integrativa vem sendo utilizada em vivências do projeto MAPEPS, da UFSCar, em vários eventos, como na tenda Paulo Freire, realizada durante o XIV Congresso Paulista de Saúde Pública, realizado na UFSCar, em 2015, e em diversos "espaço de cuidado", projeto de difusão do MAPEPS realizado em UBS, em USF, na Santa Casa, e em outros locais, na cidade de São Carlos e em outros municípios.
Em 2014, em um curso ministrado na cidade de Belo Horizonte/MG, um músico residente na capital mineira, Luciano Augusto, gravou as induções que foram realizadas e as editou em um conjunto de CDs, facilitando a difusão de seis meditações. A gravação ou o registro delas tem seus aspectos positivos e negativos. As induções, quando feitas ao vivo, possuem sempre variações nas expressões utilizadas, no tom da voz e são direcionadas para o grupo presente, pois elas são realizadas respeitando os valores, as crenças e a religiosidade do grupo participante. O universo simbólico do grupo é utilizado como referência para elaborar as induções, mesmo que o objetivo seja o mesmo, por exemplo, facilitar o perdão das ofensas.
Porém, como o CD foi gravado durante um curso cujos participantes eram majoritariamente espiritistas, por um lado ele mantém viva a energia do momento em que as induções foram feitas, porém, pode passar uma falsa impressão de que se trata de uma proposta voltada apenas para membros deste agrupamento religioso, como acontece na meditação chamada "limpeza do passado" em que o participante é induzido a acessar o momento em que faz a escolha do "gênero de provas" que vai vivenciar durante sua futura encarnação. Esse é um ensinamento próprio da doutrina espírita que afirma que, antes de encarnar, o Espírito faz determinadas escolhas, criando após a encarnação um certo destino. Tal meditação, por exemplo, não fará sentido para um grupo que não acredite nesse ensinamento. Por isso, em um grupo apenas de católicos ou evangélicos costumamos conduzir essa indução até o momento da fecundação do óvulo pelo espermatozoide.
Por isso, é importante salientar que a Meditação Integrativa, dentro de uma perspectiva de Educação Popular em Saúde, procura respeitar o universo simbólico do grupo participante e, por isso, suas induções devem ser adaptadas ao perfil do grupo que participa da atividade, trabalhando os temas espiritualistas de cunho universal (perdão, amor, paz interior, equanimidade, entre outros) utilizando como referência o universo simbólico próprio do grupo que participa da vivência. Sua prática visa auxiliar também no processo de (re)envolvimento do praticamente com sua comunidade e entorno ambiental. E também com seu corpo físico e com sua alma/espírito. As induções devem partir de valores ou significados simbólicos compartilhados pelo grupo.
O que singulariza a Meditação Integrativa é a sua função animagógica, ou seja, que suas induções possam favorecer o processo de metanoia, em outras palavras, a "mudança interior" ou a hierofania, independentemente de utilizar elementos de uma ou outra experiência religiosa ou espiritualista. Obviamente que este fato faz com que o condutor da prática necessite ter conhecimento de diferentes expressões simbólicas e religiosas para saber utilizá-las. Por exemplo, para um grupo de budistas, uma indução pode ser feita pedindo aos participantes que mentalizem um determinado bodhissatva, de acordo com a crença daquele agrupamento religioso e, com um grupo de umbandistas, sugerindo que mentalizem um orixá cuja manifestação arquetípica seja similar. Dessa forma, respeita-se a idiossincrasia do grupo e seus os valores espiritualistas e religiosos.
A Meditação Integrativa se diferencia de outras propostas por ser eminentemente espiritualista. Ela não é voltada para combater o estresse ou fazer com que o participante consiga manter o foco em seu objetivo, seja o de ganhar uma medalha em uma competição ou ser o melhor vendedor da loja onde trabalha. A prática da Meditação Integrativa pode até ajudar nesse sentido, mas não é o seu objetivo principal. Este é, como já salientado, o autoconhecimento, que na perspectiva da ONGCSF é a compreensão de ser um Espírito eterno vivenciando uma experiência humanizada e que, dentro de cada um, já se encontra a paz, o amor, a felicidade e outros sentimentos que a maioria dos espíritos humanizados e encarnados busca fora de si, no outro ou no mundo material. E, por fim, que a morte não passa de um desligar de uma das múltiplas dimensões existenciais em que se processa a vida e não o fim da vida.
Uma primeira reflexão sobre mediunidade e terceira idade apresentei na comunicação "História Oral e transcendentalismo: imagens e imaginário do invisível", em dois eventos: Em abril de 2009, no III Simpósio Internacional sobre Religiosidades, Diálogos Culturais e Hibridações, na cidade de Campo Grande/MS, no GT "Nova perspectiva para o século XXI: o diálogo entre ciência, religião e espiritualidade", que teve a apresentação de 24 trabalhos, e também no Simpósio Internacional Educação, Imaginário e Utopia, na UFF. Neste primeiro trabalho sobre o tema, concluimos que a mediunidade é um fenômeno natural e sua prática social não pode ser apontada como causa de doenças mentais, fato também apontado pelo DSM-IV, ou seja, o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - Fourth Edition (publicado pela Associação Psiquiátrica Americana - APA), que criou uma nova categoria para estudos (Problemas espirituais e religiosos) com o objetivo de melhor compreender alguns fenômenos, entre eles a própria mediunidade.
E aqui se faz mister uma  distinção entre religião e espiritualidade para melhor  compreensão do fenômeno mediunidade, uma vez que se trata de uma prática social espiritualista registrada em todas as tradições culturais, sem relação necessária com uma ou outra religião. Existem, obviamente, aquelas que tratam a mediunidade como algo negativo, afirmando que ela deve ser combatida, pois seria um instrumento do "demônio". Porém, há aquelas que se apoiam na mediunidade, construindo diferentes processos educativos espiritualistas.
E é importante salientar que ela pode ser pensada e praticada também de forma laica, sem um viés religioso, como acontece, por exemplo, na ONGCSF, na cidade de São Carlos, onde a Meditação Integrativa nasceu através de um profícuo intercâmbio mediúnico realizado entre os anos de 2001 e 2003.
E é dentro dessa perspectiva de distinção entre religião e espiritualidade que a ONGCSF promove o seu programa educativo chamado de Animagogia e que vem ao encontro da busca por uma espiritualidade laica e transreligiosa, neste limiar de século XXI. É importante diferenciar o significado de laico de laicismo. Na perspectiva da ONGCSF há o respeito por todas as religiões e formas de religiosidade. Não se combate, portanto, a religião, como acontece com o laicismo.
E com base nesta mudança social e considerando que desde 1998 a Organização Mundial da Saúde (OMS) define a saúde como um completo bem-estar biológico, psicológico e espiritual e, além disso, com o CID 10 – código internacional de doenças - definindo que há o estado normal de transe ou de "possessão", como são os que acontecem durante uma manifestação mediúnica, por exemplo, e o patológico, causado por alguma doença, acreditamos ser fundamental no ambiente escolar, em todos os níveis de ensino, ter uma melhor compreensão do que venha a ser a mediunidade para que crianças, jovens e mesmo idosos não precisem passar por experiências como as que serão apresentadas nesta pesquisa.
A partir dos depoimentos que serão apresentados neste estudo podemos tomar consciência que problemas religiosos e espirituais acontecem também dentro da escola e que os mesmos deveriam ser compreendidos pelos profissionais da saúde e da educação que convivem diretamente com a realidade escolar. Enfim, podemos dizer que está na hora de pensar a mediunidade como uma questão também de direitos humanos e de qualidade de vida para que o médium, criança ou não, possa receber a orientação e o acompanhamento adequados e não virar apenas mais um número nas estatísticas dos hospitais psiquiátricos e dos sanatórios públicos ou particulares.
Em suma, a mediunidade parece ser um fenômeno humano que pode eclodir na vida de uma pessoa em qualquer faixa etária, independentemente de sua classe social, gênero, grau de escolaridade ou religião. Normalmente, a pessoa que utiliza esse potencial psíquico em práticas sociais espiritualistas organizadas consegue manter uma vida sociocultural saudável. Porém, nem sempre as primeiras experiências são fáceis. Muitas são dolorosas e trazem muito sofrimento, sobretudo, quando o médium não encontra apoio na família, nos educadores ou nos profissionais da saúde.

E acreditamos que a linha de Pesquisa Práticas Sociais e Processos Educativos, na UFSCar, pode vir a ser um campo privilegiado para pesquisas similares que possam ajudar a diminuir os problemas espirituais e religiosos na educação escolar ou não, para que crianças, jovens, adultos ou idosos que manifestam uma mediunidade ostensiva ou outras formas de "emergência espiritual", possam ser amparados de forma saudável e respeitosa, recebendo o auxilio adequado, para que sofrimento e incompreensão, como nos exemplos que vamos apresentar, não mais necessitem acontecer dentro da escola. E é nesta direção que a prática da Meditação Integrativa se transforma também em um instrumento de ajuda fundamental, como pretendemos demonstrar nesta pesquisa.

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