A prática da Meditação Integrativa com idosos médiuns
Os relatos de
experiência de vida apresentados acima foram socializados por idosos durante os
cursos intitulados "o poder da mente", dentro de um programa de
Gerontagogia Holonômica onde, nos quinze minutos finais das aulas, fazíamos uma
Meditação Integrativa. Foi, portanto, durante as atividades que descobri que
entre os idosos participantes alguns eram médiuns.
Apesar de não ter sido a intenção original coletar estes depoimentos, essas
informações foram sendo expostas durante as reflexões que fazíamos sobre o preconceito e o desconhecimento generalizado
em relação à umbanda, religião de matriz afro-brasileira muito marginalizada e
estigmatizada.
Posteriormente, para
alguns dos participantes, sobretudo os que diziam ser médiuns, ou seja, que diziam ser capazes de ouvir ou ver Espíritos
ou até mesmo dar "passagem" para que um ser incorpóreo se manifestar
através de seu corpo, pedi autorização para coletar seus depoimentos
Como salientamos ao
longo deste estudo, já há grupos acadêmicos, sobretudo no campo da saúde,
realizando algumas pesquisas sobre os "problemas espirituais e
religiosos". Porém, no campo da educação essa preocupação praticamente não
existe, e acredito que seja necessário instituir programas de pesquisas sobre
os problemas religiosos e espirituais na educação para que situações como as
descritas no capítulo anterior sejam
tratadas com mais conhecimento de causa e respeito, para que experiências como
as vivenciadas por estes idosos não mais se repitam.
A Meditação Integrativa, conforme exposto, é, ao mesmo tempo, uma
atividade psicossocial e espiritual, o que não significa que todos vão ter as
mesmas experiências. Como salientamos, normalmente, as pessoas que possuem uma
mediunidade mais ostensiva, demonstram uma facilidade maior para acessar o mundus imaginalis e descrevê-lo em suas
"narrativas visionárias". São elas que, com mais frequência, relatam
a visualização de imagens nítidas e intensas durante a prática.
Na perspectiva da Animagogia, estas pessoas teriam transcendido as
barreiras do ego consciente e acessado aquela dimensão que Henry CORBIN chamou
de imaginal e, em alguns casos, indo
até a Noosfera e a Logosfera. Para a Animagogia, estas visões numinosas não são
simples fantasias da mente consciente, pois, na medida em que se tenta dominar mentalmente
tais imagens, elas simplesmente desaparecem. Certa vez, enquanto eu participava
de uma sessão de Meditação Integrativa, vi cerca de cinco ou seis crianças
carecas, com traços orientais, vestidas com hábitos laranjas, típicos dos
budistas tibetanos, olhando e sorrindo para mim. Quando tomei consciência da
imagem e quis focá-la com mais nitidez, voltei ao estado de vigília e elas
sumiram automaticamente. Em outras palavras, a mente racionalizadora que vibra
na "psicosfera inferior" não é capaz de retê-las.
Em suma, quando a prática meditativa favorece a produção dessas imagens,
estamos diante de uma hierofania. Ou seja, algo de sagrado nos é revelado. Como
nos diz ELIADE, tomamos conhecimento do sagrado porque este se manifesta, se
mostra como algo absolutamente diferente do profano. Como já salientou ELIADE: “Para
aqueles que têm uma experiência religiosa, toda a Natureza é suscetível de revelar-se
como sacralidade cósmica. O Cosmos, na sua totalidade, pode tornar-se uma
hierofania” (1996, p. 18).
Para este famoso historiador das religiões há duas modalidades de Ser no
mundo: a profana e a sagrada. Esta última foi a predominante nas sociedades
não-modernas. ELIADE, inclusive, classifica o ser humanizado dessas sociedades como
constituindo o Homo religiosus. Porém,
no ambiente cibernético-informacional contemporâneo, acreditamos que está
desabrochando o Homo spiritualis,
outra modalidade de Ser no mundo capaz de integrar a sacralidade primitiva com
as descobertas e a cientificidade do mundo atual.
E os idosos que são médiuns,
pelo menos os que tive a oportunidade de conviver e coletar seus depoimentos, afirmam
ter a impressão de ficarem desorientados quando vão a determinados locais ou se
encontram diante de certas pessoas, quando não ficam com dores de cabeça, no
estômago ou em outras partes do corpo, mas que, após a prática da Meditação
Integrativa voltam a ficar em paz consigo mesmo e com o mundo, afirmando reencontrar
a "unidade e a harmonia", como se recebessem um "bálsamo para o
corpo e para a alma".
E a sensação de bem-estar costuma ser relatada com mais ênfase pelos
idosos que manifestam sintomas mais ostensivos de mediunidade. Eles costumam
dizer que são como "esponjas" e, por onde passam, vão captando as
"vibrações das pessoas e lugares". Essas vibrações, quando
"desarmônicas" causam perturbações físicas, mas também psíquicas que
desaparecem após a prática meditativa.
A interpretação animagógica para esse "processo de cura" é a
seguinte: a Meditação Integrativa ajudaria o participante a atingir um estado
hipermetabólico oposto ao estado de vigília ou, em outras palavras, entrar em estado
ampliado de consciência, acessando a dimensão que chamamos de Noosfera. Pessoas
menos sensíveis, podem vivenciar apenas uma sensação agradável de descontração
e tranquilidade. Porém, os médiuns teriam
mais facilidade para se desligar do ego e, assim, chegar a um estado extático
(a capacidade de colocar o organismo e todo o Ser a serviço de uma comunhão
metacognitiva, despertando o Self e
permitindo a contemplação do numinoso em seu esplendor). Esse processo seria o
responsável pelo relato de imagens belíssimas ou pela sensação de plenitude. É
preciso salientar que não se trata, como já salientamos, de meras fantasias da
mente consciente. Ao contrário, por ser uma técnica que estimula o participante
a se entregar às atividades metacognitivas, é possível que estejam, de fato, em
contato com imagens arquetípicas curativas que se escondem no âmago do Ser, no Self. Nesse sentido, não se trata de um
estado "alterado" de consciência, mas de um estado ampliado de
consciência curador e regenerador do campo mental e emocional (que vibra na
Psicosfera) e do físico (que vibra na Biosfera).
E o relato dos praticantes, sobretudo os idosos médiuns que participaram dos cursos de Gerontagogia Holonômica vem
ao encontro das conclusões de Carl ROGERS (1983), cuja obra foram importantes
para o surgimento das abordagens transpessoais na psicologia. Duramente
criticado por valorizar as dimensões transcendentes ou espirituais que emergiam
no contexto terapêutico, especialmente nas Terapias de Grupo, ROGERS (op. cit.)
parece não ter se intimidado e deu prosseguimento ao seu transgressor,
libertário e revolucionário trabalho. Em suas últimas obras, a formulação de
uma temática transpessoal começou a se destacar após a observação de fenômenos
que demonstravam a existência de estados sutis de consciência e concluiu que se
tratava, de fato, de experiências "transcendentais e espirituais". O
próprio ROGERS afirma que no passado não empregaria estas palavras
(transcendência e espiritualidade), "mas a estrema sabedoria do grupo,
a presença de uma comunicação profunda quase telepática, a sensação de que
existe ‘algo mais’, parecem exigir tais termos” (1983: 62).
Após a sua morte, novas
concepções foram realizadas por seus seguidores e admiradores, porém, em uma de
suas últimas reflexões afirmou: “tenho a certeza de que nossas experiências
terapêuticas e grupais lidam com o transcendente, o indescritível, o
espiritual. Sou levado a crer que eu, como muitos outros, tenho subestimado a importância
da dimensão espiritual ou mística” (1983: 53).
Atingir este estado ampliado de consciência também é possível com a
prática do Chi Kung ensinado nos
cursos de TVI. Porém, aqui, o acesso a essa dimensão superior é um pouco mais
demorado. Normalmente, a compreensão plena da técnica acontece em três etapas.
Na primeira a pessoa está muito preocupada em aprender os movimentos com
a “cabeça”. Nessa etapa, também, a maioria tem medo de errar, tem vergonha de
estar sendo ridícula diante dos outros etc. Curiosamente, quanto mais tentamos dominar
os movimentos mentalmente, mais nos confundimos e trocamos os movimentos. Essa
primeira etapa é um importante momento de aprendizado e de consciência
corporal. Em uma segunda etapa, não necessariamente no segundo encontro, os
participantes começam a dominar os movimentos e a se encantar. De fato, passam
a sentir o fluxo de energia e, independente da razão, o prazer alcançado se
intensifica. Já não têm mais a sensação do ridículo e fazem os movimentos de
forma mais espontânea. A terceira etapa, porém, é a mais importante. Ela
acontece quando os movimentos vêm do fundo da alma. É nesse momento que a
energia do Espírito (que chamamos de divinum)
é percebida. Sente-se calor nas mãos, sente-se a energia fluindo pelo corpo,
aparecem cores na mente, algumas pessoas começam a bocejar, lacrimejar, salivar
etc. Todos esses sintomas seriam, segundo a Animagogia, formas de transmutar
energias estagnadas nos diferentes campos energéticos em que vibramos
simultaneamente (Biosfera, Psicosfera, Noosfera e plano espiritual).
Quando se atinge este estágio, os participantes experimentam mudanças e
emoções purificadoras. Velhos pensamentos começam a se dissolver e as "energias
negativas" são transmutadas de dentro para fora.
Em 2015, a ONGCSF alugou uma máquina fotográfica térmica para registrar
a prática da Meditação Integrativa e alguns resultados foram surpreendentes,
demonstrando o efeito dela no corpo físico. Vamos começar com as fotos de uma
senhora, com 55 anos, antes e depois de uma prática meditativa que durou apenas
15 minutos.
foto 01 - antes do início da Meditação Integrativa
Nesta foto, antes do início da prática meditativa, podemos notar uma
desarmonia entre as faces. Os pontos brancos são os mais quentes. Um dado
importante a se considerar é no centro da testa, onde os orientais afirmam
existir um chakra, chamado de
"frontal". Ele estaria ligado a intuição, à vidência etc. Antes de
ter início a prática podemos notar pela imagem que ele está quente (com
tendência para o branco). Ela, antes de começar a atividade, afirmou estar com
dor de cabeça, no lado direito (podemos notar uma manchinha branca perto da
legenda que marca a temperatura máxima na imagem, próxima de seu olho direito).
Após a prática meditativa que durou 15 minutos podemos notar na foto 2
que a cabeça esfriou, diminuindo a área esbranquiçada, e a mancha branca praticamente
desaparece. Além disso, as duas faces estão mais harmonizadas, com uma
distribuição do calor pelo rosto de uma forma mais homogênea. A área mais
quente passou a ser na altura da boca e centralizada, provavelmente devido a
uma respiração mais harmoniosa.
foto 02 - no encerramento da Meditação Integrativa
Vamos observar agora um outro fato fisiológico muito significativo. O
aquecimento das mãos durante uma imposição. Uma pessoa está no centro para
receber energia e a fotografia registra uma mão imposta próxima da cabeça da
pessoa durante a atividade.
A meditação durou 12 minutos. A foto 3 foi tirada no início da atividade
e podemos observar que a área mais quente é justamente no centro da palma, onde
os orientais afirmam que também existe um chakra
e seria de onde a energia irradiada sai com mais intensidade quando se faz
imposição das mãos. A temperatura no início da prática era de 34,4 graus.
foto 3 - imagem termográfica de uma imposição de mãos, no início da
atividade
Entre a foto acima e a foto 4, registrada no encerramento da atividade,
podemos observar que houve um aquecimento notável de 0.9 décimos, alcançando a
temperatura de 35,3 graus. É importante salientar que em nenhum momento houve
toque, fricção das mãos ou qualquer outro mecanismo que pudesse aquecê-las a
não ser a própria concentração mental e a vontade.
Normalmente, as pessoas que participam de atividades similares relatam o
aquecimento das mãos, porém, sempre se questionam se de fato a mão aquece ou se
seria apenas uma "coisa da cabeça". Com o uso da máquina
termográfica, foi possível constatar que o calor nas mãos é evidente.
Obviamente que não é possível afirmar que alguma energia foi enviada para a
pessoa deitada, mas que as mãos se aquecem isso é um fato que pode ser
observado e registrado com o uso dessas câmeras.
foto 04 - imagem termográfica de uma imposição de mãos, no término da
atividade
A seguir vamos apresentar o relato de
uma idosa médium, que pratica a
Meditação Integrativa, há cerca de sete anos e que frequentemente sofria "transtornos
psíquicos", o que a fazia tomar forte medicação e também ser internada
quatro vezes, tendo que ser amarrada em várias delas. Após iniciar a prática,
os problemas diminuíram e não precisou, até o momento, ser novamente internada.
Essa idosa ajuda desde 2015 nos atendimentos de TVI, na ONGCSF. Esse depoimento
foi coletado para um artigo enviado para o prêmio Victor Valla de Educação
Popular e Saúde, mas vamos aqui o reproduzir na íntegra:
Eu
sou uma pessoa que se magoa com facilidade, mas estou aprendendo a lidar com a
situação, compreendendo que somos nós que nos magoamos, independentemente do
que o outro faça. A prática da Meditação Integrativa tem me ajudado a me sentir
mais "leve", sobretudo com a família. A prática da psicografia também
ajuda a aliviar a "confusão mental" ou as "vozes que falam comigo".
Mesmo assim, ainda tomo remédios para dormir. Nem sempre as "vozes"
que escuto querem passar mensagens. Muitas vezes, pedem para eu
"meditar", "ficar mais calma" e "se desligar das
preocupações".
As
minhas "crises espirituais" começaram há 30 anos. Ficava muito
agressiva e fui internada 4 vezes. Precisava ser amarrada e ficava dopada. No
local onde era internada (acho que era em Araraquara) eu era colocada em um
quartinho escuro, onde havia um buraco no chão para as necessidades
fisiológicas. Não tinha cama. Eu ficava jogada no chão. A comida era passada
por uma janelinha que abria na horizontal. Costumava ficar em torno de um mês
internada e dopada.
Eu
comecei a melhorar há 13 anos, quando comecei a frequentar o CAPES, apesar
deles considerar que o meu problema era apenas mental. Hoje eu acredito que era
também espiritual.
Na
década de 80, mesmo sem o apoio da família, participei de um trabalho de
desobsessão, mas não era em centro espírita. Um senhor católico e uma senhora,
também católica, mas que incorporava, é que faziam o trabalho. Ela dava
passagens para os espíritos e ele conversava e orava. Eu ficava apenas anotando
o que acontecia. A família me proibiu de participar depois de um tempo,
associando que as crises estariam relacionadas com este trabalho.
Nas
quatro vezes em que fui internada em um hospital psiquiátrico, acho que era na
cidade de Araraquara, eu estava muito agressiva e por isso minha família chamava
o "resgate". Vários homens fortes amarravam minhas mãos e pés,
enquanto eu gritava. Não tomei choque, mas sabia de várias histórias de pessoas
que tomavam. Há 13 anos encontrei o CAPES onde tive apoio para sair da crise. Lá
eu escrevia muito. Hoje acho que já eram psicografias. Algumas mensagens vinham
com orientações e outras eram desabafos. Alguns funcionários do CAPES diziam
para eu parar de escrever e fazer uma terapia, sem compreender que o ato de
escrever era a terapia que necessitava. Durante 10 anos escrevi muito, mas
ouvia das "vozes" que não era para mostrar para a família, que não
estava preparada para entender.
Hoje
eu reconheço que foi graças a esse sofrimento que cresci, me tornei mais forte.
Consigo ajudar com amor. Se antes ia ajudar "pesada", com a paz e a
alegria que venho sentido, agora vou "leve" e volto bem.
Fazendo
um balanço da vida, notei um fato interessante. Sempre que algo mudava dentro
de mim, sentia necessidade de mudar, seja de casa ou mesmo a disposição dos
móveis. Como se a mudança externa refletisse a minha mudança interna.
Uma
das primeiras crises foi há cerca de 28 anos atrás. Uma vidente católica,
chamada Geralda, foi em minha casa para rezar com as crianças (filhas e
outras). Durante o terço, eu dei um grito e desmaiei. Um senhor passou algodão
com água na minha boca, mas eu sentia gosto de vinagre. E uma amiga vidente
disse ter visto uma nuvem negra sobre a minha casa, naquele dia.
Alguns
dias depois, fui levada para um trabalho de desobsessão em um centro espírita. Lá,
eu fiquei no centro da roda e ouvia uma voz dizendo: "acaba com todos
eles". Eu foquei minha atenção em Maria e fiquei rezando. Ao terminar o
trabalho, o coordenador me ironizou e disse que eu estava limpa, mas eu ainda sentia
que as vozes que me incomodavam ainda estavam comigo, mas não sabia como dizer.
Não voltei mais lá.
Em
uma outra ocasião, tomei a famosa injeção do "Kamamura", era como as
pessoas chamavam o "sossega leão, um remédio fortíssimo para a pessoa
apagar. Meu corpo relaxou e senti algo
percorrendo o meu corpo. Mas a minha mente permanecia desperta. Eu ouvia tudo
que as pessoas falavam, mas não conseguia responder ou movimentar o corpo.
O
meu marido me abandonou por causa das crises. Mas não tenho nenhuma mágoa ou
rancor. Eu tinha, mas passou quando fiz a seguinte experiência. Eu rezava muito
para São Rafael e um dia, senti como se água percorresse todo o meu corpo por
dentro. Quando a sensação passou, a mágoa tinha passado também. Eu acredito que
tenha sido uma limpeza espiritual, uma vez que São Rafael é considerado um
"bálsamo para as almas".
Quanto
às psicografias, elas acontecem mais a noite. Eu costumo acordar no meio da
noite e vem muito informação na minha cabeça. Eu preciso me sentar e escrever.
São coisas boas e ruins. Mas depois que passo para o papel, consigo descansar e
voltar a dormir.
No
CAPES fui tratada como tendo problemas mentais, em nenhum momento meu caso foi
pensado como espiritual. E todo o material que escrevi foi jogado fora.
Muitas
vezes ouço uma voz que me passa ordens. Por exemplo, às vezes quero sair de
casa, mas quando vou para a rua, vem a voz e diz: "volta!" "não
saia hoje"...
Teve
um dia que meu pai chegou em casa e a voz me fez falar: "pai, vai pedir perdão à Madalena
e vai se confessar ao padre". Não sei porque falei aquilo, mas depois
descobri o que tinha acontecido. E a voz tinha razão.
Não
me recordo quando foi a primeira incorporação. Não sei precisar, lembro que
fiquei com o corpo todo arcado. Tinha consciência, mas não conseguia endireitar
o corpo. A família tentava ajudar, sem conseguir. Uma senhora vidente que
estava por perto diz que ao meu lado havia uma "senhora" que me
protegia. Seria uma "preta-velha" e a energia dela se refletia no meu
corpo.
Essa idosa que tem uma
mediunidade ostensiva afirma que as sensações são muito diferentes em cada
prática meditativa, mas, de forma geral, sente muita leveza da cintura para
cima e as dores que sente no joelho devido a um desgaste nas articulações diminuem
quando medita. Afirma que costuma "sair do ar" e ver luzes coloridas
em sua mente. Em uma das ocasiões, afirma ter visto um "furação" de
cor lilás claro que descia em direção à Terra, e um roxo escuro em frente ao
rosto. Disse que, neste dia, relaxou muito e quase dormiu. Afirmou que se sente
bem e mais disposta nos dias em que vê muita luz branca e dourada na sala de
meditação e quando suas mãos ficam quentes.
Em suma, podemos dizer que a Meditação Integrativa e as demais técnicas
da TVI são importantes ferramentas para os projetos de anima-ação cultural que
se preocupam com a autorrealização no mundo contemporâneo, caracterizado pela
esquizofrenia e pelo excesso de estímulos.
Neste estudo optamos em realizar uma "analética"[1] junto aos idosos médiuns utilizando a perspectiva da
Linha de Pesquisa Práticas Sociais e Processos Educativos e concordando com OLIVEIRA, quando afirma:
envolver-se
pelo trabalho, a vontade de melhor conhecer, o saber e o sabor da convivência,
nos remete a pensamentos e sentimentos, que do nosso ponto de vista não são
antagônicos à rigorosidade científica, ao contrário, atribuem ao fazer ciência
um especial rigor: amorosidade, acolhimento, indignação, esperança,
simplicidade, colaboração. Um desejo de tornar-se mais humano, de humanizar-se
no sentido de vida mais justa. Por essas razões, com essas posturas e por esses
meios, buscamos conhecer e compreender processos educativos próprios a práticas
sociais. (2014, p. 43)
Mas é importante sempre ressaltar que não somente os médiuns podem se beneficiar com a técnica.
Professores e outros profissionais que lidam com o público e sofrem um tipo
agudo de estresse classificado pelos profissionais da saúde como Burnout também se sentem aliviados após
cada sessão. Mas é importante ressaltar sempre o objetivo animagógico que
motivou sua criação e sua prática: mais do que a cura, o que se busca com a
prática da Meditação Integrativa é o desabrochar do Homo spiritualis, uma nova maneira de Ser no palco da vida
humanizada e encarnada, um ser humanizado liberto de dogmas religiosos, mas
liberto também do cientismo contemporâneo e que se torna capaz de vivenciar com
habilidade espiritual a vida cotidiana.
[1] Enrique DUSSEL (1982) entende
por método analético o movimento de aceitação ética da alteridade, do rosto do
outro em um compromisso libertário a partir da real história vivida, sendo
capaz de ouvir a voz daquele que clama de forma aflita, oprimida e excluída,
construindo um diálogo entre iguais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário