CAPÍTULO 6

A prática da Meditação Integrativa com idosos médiuns

Os relatos de experiência de vida apresentados acima foram socializados por idosos durante os cursos intitulados "o poder da mente", dentro de um programa de Gerontagogia Holonômica onde, nos quinze minutos finais das aulas, fazíamos uma Meditação Integrativa. Foi, portanto, durante as atividades que descobri que entre os idosos participantes alguns eram médiuns. Apesar de não ter sido a intenção original coletar estes depoimentos, essas informações foram sendo expostas durante as reflexões que fazíamos sobre o  preconceito e o desconhecimento generalizado em relação à umbanda, religião de matriz afro-brasileira muito marginalizada e estigmatizada.
Posteriormente, para alguns dos participantes, sobretudo os que diziam ser médiuns, ou seja, que diziam ser capazes de ouvir ou ver Espíritos ou até mesmo dar "passagem" para que um ser incorpóreo se manifestar através de seu corpo, pedi autorização para coletar seus depoimentos
Como salientamos ao longo deste estudo, já há grupos acadêmicos, sobretudo no campo da saúde, realizando algumas pesquisas sobre os "problemas espirituais e religiosos". Porém, no campo da educação essa preocupação praticamente não existe, e acredito que seja necessário instituir programas de pesquisas sobre os problemas religiosos e espirituais na educação para que situações como as descritas no capítulo anterior  sejam tratadas com mais conhecimento de causa e respeito, para que experiências como as vivenciadas por estes idosos não mais se repitam.
A Meditação Integrativa, conforme exposto, é, ao mesmo tempo, uma atividade psicossocial e espiritual, o que não significa que todos vão ter as mesmas experiências. Como salientamos, normalmente, as pessoas que possuem uma mediunidade mais ostensiva, demonstram uma facilidade maior para acessar o mundus imaginalis e descrevê-lo em suas "narrativas visionárias". São elas que, com mais frequência, relatam a visualização de imagens nítidas e intensas durante a prática.
Na perspectiva da Animagogia, estas pessoas teriam transcendido as barreiras do ego consciente e acessado aquela dimensão que Henry CORBIN chamou de imaginal e, em alguns casos, indo até a Noosfera e a Logosfera. Para a Animagogia, estas visões numinosas não são simples fantasias da mente consciente, pois, na medida em que se tenta dominar mentalmente tais imagens, elas simplesmente desaparecem. Certa vez, enquanto eu participava de uma sessão de Meditação Integrativa, vi cerca de cinco ou seis crianças carecas, com traços orientais, vestidas com hábitos laranjas, típicos dos budistas tibetanos, olhando e sorrindo para mim. Quando tomei consciência da imagem e quis focá-la com mais nitidez, voltei ao estado de vigília e elas sumiram automaticamente. Em outras palavras, a mente racionalizadora que vibra na "psicosfera inferior" não é capaz de retê-las.
Em suma, quando a prática meditativa favorece a produção dessas imagens, estamos diante de uma hierofania. Ou seja, algo de sagrado nos é revelado. Como nos diz ELIADE, tomamos conhecimento do sagrado porque este se manifesta, se mostra como algo absolutamente diferente do profano. Como já salientou ELIADE: “Para aqueles que têm uma experiência religiosa, toda a Natureza é suscetível de revelar-se como sacralidade cósmica. O Cosmos, na sua totalidade, pode tornar-se uma hierofania” (1996, p. 18).
Para este famoso historiador das religiões há duas modalidades de Ser no mundo: a profana e a sagrada. Esta última foi a predominante nas sociedades não-modernas. ELIADE, inclusive, classifica o ser humanizado dessas sociedades como constituindo o Homo religiosus. Porém, no ambiente cibernético-informacional contemporâneo, acreditamos que está desabrochando o Homo spiritualis, outra modalidade de Ser no mundo capaz de integrar a sacralidade primitiva com as descobertas e a cientificidade do mundo atual.
E os idosos que são médiuns, pelo menos os que tive a oportunidade de conviver e coletar seus depoimentos, afirmam ter a impressão de ficarem desorientados quando vão a determinados locais ou se encontram diante de certas pessoas, quando não ficam com dores de cabeça, no estômago ou em outras partes do corpo, mas que, após a prática da Meditação Integrativa voltam a ficar em paz consigo mesmo e com o mundo, afirmando reencontrar a "unidade e a harmonia", como se recebessem um "bálsamo para o corpo e para a alma".
E a sensação de bem-estar costuma ser relatada com mais ênfase pelos idosos que manifestam sintomas mais ostensivos de mediunidade. Eles costumam dizer que são como "esponjas" e, por onde passam, vão captando as "vibrações das pessoas e lugares". Essas vibrações, quando "desarmônicas" causam perturbações físicas, mas também psíquicas que desaparecem após a prática meditativa.
A interpretação animagógica para esse "processo de cura" é a seguinte: a Meditação Integrativa ajudaria o participante a atingir um estado hipermetabólico oposto ao estado de vigília ou, em outras palavras, entrar em estado ampliado de consciência, acessando a dimensão que chamamos de Noosfera. Pessoas menos sensíveis, podem vivenciar apenas uma sensação agradável de descontração e tranquilidade. Porém, os médiuns teriam mais facilidade para se desligar do ego e, assim, chegar a um estado extático (a capacidade de colocar o organismo e todo o Ser a serviço de uma comunhão metacognitiva, despertando o Self e permitindo a contemplação do numinoso em seu esplendor). Esse processo seria o responsável pelo relato de imagens belíssimas ou pela sensação de plenitude. É preciso salientar que não se trata, como já salientamos, de meras fantasias da mente consciente. Ao contrário, por ser uma técnica que estimula o participante a se entregar às atividades metacognitivas, é possível que estejam, de fato, em contato com imagens arquetípicas curativas que se escondem no âmago do Ser, no Self. Nesse sentido, não se trata de um estado "alterado" de consciência, mas de um estado ampliado de consciência curador e regenerador do campo mental e emocional (que vibra na Psicosfera) e do físico (que vibra na Biosfera).
E o relato dos praticantes, sobretudo os idosos médiuns que participaram dos cursos de Gerontagogia Holonômica vem ao encontro das conclusões de Carl ROGERS (1983), cuja obra foram importantes para o surgimento das abordagens transpessoais na psicologia. Duramente criticado por valorizar as dimensões transcendentes ou espirituais que emergiam no contexto terapêutico, especialmente nas Terapias de Grupo, ROGERS (op. cit.) parece não ter se intimidado e deu prosseguimento ao seu transgressor, libertário e revolucionário trabalho. Em suas últimas obras, a formulação de uma temática transpessoal começou a se destacar após a observação de fenômenos que demonstravam a existência de estados sutis de consciência e concluiu que se tratava, de fato, de experiências "transcendentais e espirituais". O próprio ROGERS afirma que no passado não empregaria estas palavras (transcendência e espiritualidade), "mas a estrema sabedoria do grupo, a presença de uma comunicação profunda quase telepática, a sensação de que existe ‘algo mais’, parecem exigir tais termos” (1983: 62).
Após a sua morte, novas concepções foram realizadas por seus seguidores e admiradores, porém, em uma de suas últimas reflexões afirmou: “tenho a certeza de que nossas experiências terapêuticas e grupais lidam com o transcendente, o indescritível, o espiritual. Sou levado a crer que eu, como muitos outros, tenho subestimado a importância da dimensão espiritual ou mística” (1983: 53).
Atingir este estado ampliado de consciência também é possível com a prática do Chi Kung ensinado nos cursos de TVI. Porém, aqui, o acesso a essa dimensão superior é um pouco mais demorado. Normalmente, a compreensão plena da técnica acontece em três etapas.
Na primeira a pessoa está muito preocupada em aprender os movimentos com a “cabeça”. Nessa etapa, também, a maioria tem medo de errar, tem vergonha de estar sendo ridícula diante dos outros etc. Curiosamente, quanto mais tentamos dominar os movimentos mentalmente, mais nos confundimos e trocamos os movimentos. Essa primeira etapa é um importante momento de aprendizado e de consciência corporal. Em uma segunda etapa, não necessariamente no segundo encontro, os participantes começam a dominar os movimentos e a se encantar. De fato, passam a sentir o fluxo de energia e, independente da razão, o prazer alcançado se intensifica. Já não têm mais a sensação do ridículo e fazem os movimentos de forma mais espontânea. A terceira etapa, porém, é a mais importante. Ela acontece quando os movimentos vêm do fundo da alma. É nesse momento que a energia do Espírito (que chamamos de divinum) é percebida. Sente-se calor nas mãos, sente-se a energia fluindo pelo corpo, aparecem cores na mente, algumas pessoas começam a bocejar, lacrimejar, salivar etc. Todos esses sintomas seriam, segundo a Animagogia, formas de transmutar energias estagnadas nos diferentes campos energéticos em que vibramos simultaneamente (Biosfera, Psicosfera, Noosfera e plano espiritual).
Quando se atinge este estágio, os participantes experimentam mudanças e emoções purificadoras. Velhos pensamentos começam a se dissolver e as "energias negativas" são transmutadas de dentro para fora.
Em 2015, a ONGCSF alugou uma máquina fotográfica térmica para registrar a prática da Meditação Integrativa e alguns resultados foram surpreendentes, demonstrando o efeito dela no corpo físico. Vamos começar com as fotos de uma senhora, com 55 anos, antes e depois de uma prática meditativa que durou apenas 15 minutos.
foto 01 - antes do início da Meditação Integrativa

Nesta foto, antes do início da prática meditativa, podemos notar uma desarmonia entre as faces. Os pontos brancos são os mais quentes. Um dado importante a se considerar é no centro da testa, onde os orientais afirmam existir um chakra, chamado de "frontal". Ele estaria ligado a intuição, à vidência etc. Antes de ter início a prática podemos notar pela imagem que ele está quente (com tendência para o branco). Ela, antes de começar a atividade, afirmou estar com dor de cabeça, no lado direito (podemos notar uma manchinha branca perto da legenda que marca a temperatura máxima na imagem, próxima de seu olho direito).
Após a prática meditativa que durou 15 minutos podemos notar na foto 2 que a cabeça esfriou, diminuindo a área esbranquiçada, e a mancha branca praticamente desaparece. Além disso, as duas faces estão mais harmonizadas, com uma distribuição do calor pelo rosto de uma forma mais homogênea. A área mais quente passou a ser na altura da boca e centralizada, provavelmente devido a uma respiração mais harmoniosa.

foto 02 - no encerramento da Meditação Integrativa


Vamos observar agora um outro fato fisiológico muito significativo. O aquecimento das mãos durante uma imposição. Uma pessoa está no centro para receber energia e a fotografia registra uma mão imposta próxima da cabeça da pessoa durante a atividade.
A meditação durou 12 minutos. A foto 3 foi tirada no início da atividade e podemos observar que a área mais quente é justamente no centro da palma, onde os orientais afirmam que também existe um chakra e seria de onde a energia irradiada sai com mais intensidade quando se faz imposição das mãos. A temperatura no início da prática era de 34,4 graus.
foto 3 - imagem termográfica de uma imposição de mãos, no início da atividade

Entre a foto acima e a foto 4, registrada no encerramento da atividade, podemos observar que houve um aquecimento notável de 0.9 décimos, alcançando a temperatura de 35,3 graus. É importante salientar que em nenhum momento houve toque, fricção das mãos ou qualquer outro mecanismo que pudesse aquecê-las a não ser a própria concentração mental e a vontade.
Normalmente, as pessoas que participam de atividades similares relatam o aquecimento das mãos, porém, sempre se questionam se de fato a mão aquece ou se seria apenas uma "coisa da cabeça". Com o uso da máquina termográfica, foi possível constatar que o calor nas mãos é evidente. Obviamente que não é possível afirmar que alguma energia foi enviada para a pessoa deitada, mas que as mãos se aquecem isso é um fato que pode ser observado e registrado com o uso dessas câmeras.

foto 04 - imagem termográfica de uma imposição de mãos, no término da atividade

A seguir vamos apresentar o relato de uma idosa médium, que pratica a Meditação Integrativa, há cerca de sete anos e que frequentemente sofria "transtornos psíquicos", o que a fazia tomar forte medicação e também ser internada quatro vezes, tendo que ser amarrada em várias delas. Após iniciar a prática, os problemas diminuíram e não precisou, até o momento, ser novamente internada. Essa idosa ajuda desde 2015 nos atendimentos de TVI, na ONGCSF. Esse depoimento foi coletado para um artigo enviado para o prêmio Victor Valla de Educação Popular e Saúde, mas vamos aqui o reproduzir na íntegra:

Eu sou uma pessoa que se magoa com facilidade, mas estou aprendendo a lidar com a situação, compreendendo que somos nós que nos magoamos, independentemente do que o outro faça. A prática da Meditação Integrativa tem me ajudado a me sentir mais "leve", sobretudo com a família. A prática da psicografia também ajuda a aliviar a "confusão mental" ou as "vozes que falam comigo". Mesmo assim, ainda tomo remédios para dormir. Nem sempre as "vozes" que escuto querem passar mensagens. Muitas vezes, pedem para eu "meditar", "ficar mais calma" e "se desligar das preocupações".
As minhas "crises espirituais" começaram há 30 anos. Ficava muito agressiva e fui internada 4 vezes. Precisava ser amarrada e ficava dopada. No local onde era internada (acho que era em Araraquara) eu era colocada em um quartinho escuro, onde havia um buraco no chão para as necessidades fisiológicas. Não tinha cama. Eu ficava jogada no chão. A comida era passada por uma janelinha que abria na horizontal. Costumava ficar em torno de um mês internada e dopada.
Eu comecei a melhorar há 13 anos, quando comecei a frequentar o CAPES, apesar deles considerar que o meu problema era apenas mental. Hoje eu acredito que era também espiritual.
Na década de 80, mesmo sem o apoio da família, participei de um trabalho de desobsessão, mas não era em centro espírita. Um senhor católico e uma senhora, também católica, mas que incorporava, é que faziam o trabalho. Ela dava passagens para os espíritos e ele conversava e orava. Eu ficava apenas anotando o que acontecia. A família me proibiu de participar depois de um tempo, associando que as crises estariam relacionadas com este trabalho.
Nas quatro vezes em que fui internada em um hospital psiquiátrico, acho que era na cidade de Araraquara, eu estava muito agressiva e por isso minha família chamava o "resgate". Vários homens fortes amarravam minhas mãos e pés, enquanto eu gritava. Não tomei choque, mas sabia de várias histórias de pessoas que tomavam. Há 13 anos encontrei o CAPES onde tive apoio para sair da crise. Lá eu escrevia muito. Hoje acho que já eram psicografias. Algumas mensagens vinham com orientações e outras eram desabafos. Alguns funcionários do CAPES diziam para eu parar de escrever e fazer uma terapia, sem compreender que o ato de escrever era a terapia que necessitava. Durante 10 anos escrevi muito, mas ouvia das "vozes" que não era para mostrar para a família, que não estava preparada para entender.
Hoje eu reconheço que foi graças a esse sofrimento que cresci, me tornei mais forte. Consigo ajudar com amor. Se antes ia ajudar "pesada", com a paz e a alegria que venho sentido, agora vou "leve" e volto bem.
Fazendo um balanço da vida, notei um fato interessante. Sempre que algo mudava dentro de mim, sentia necessidade de mudar, seja de casa ou mesmo a disposição dos móveis. Como se a mudança externa refletisse a minha mudança interna.
Uma das primeiras crises foi há cerca de 28 anos atrás. Uma vidente católica, chamada Geralda, foi em minha casa para rezar com as crianças (filhas e outras). Durante o terço, eu dei um grito e desmaiei. Um senhor passou algodão com água na minha boca, mas eu sentia gosto de vinagre. E uma amiga vidente disse ter visto uma nuvem negra sobre a minha casa, naquele dia.
Alguns dias depois, fui levada para um trabalho de desobsessão em um centro espírita. Lá, eu fiquei no centro da roda e ouvia uma voz dizendo: "acaba com todos eles". Eu foquei minha atenção em Maria e fiquei rezando. Ao terminar o trabalho, o coordenador me ironizou e disse que eu estava limpa, mas eu ainda sentia que as vozes que me incomodavam ainda estavam comigo, mas não sabia como dizer. Não voltei mais lá.
Em uma outra ocasião, tomei a famosa injeção do "Kamamura", era como as pessoas chamavam o "sossega leão, um remédio fortíssimo para a pessoa apagar. Meu  corpo relaxou e senti algo percorrendo o meu corpo. Mas a minha mente permanecia desperta. Eu ouvia tudo que as pessoas falavam, mas não conseguia responder ou movimentar o corpo.
O meu marido me abandonou por causa das crises. Mas não tenho nenhuma mágoa ou rancor. Eu tinha, mas passou quando fiz a seguinte experiência. Eu rezava muito para São Rafael e um dia, senti como se água percorresse todo o meu corpo por dentro. Quando a sensação passou, a mágoa tinha passado também. Eu acredito que tenha sido uma limpeza espiritual, uma vez que São Rafael é considerado um "bálsamo para as almas".
Quanto às psicografias, elas acontecem mais a noite. Eu costumo acordar no meio da noite e vem muito informação na minha cabeça. Eu preciso me sentar e escrever. São coisas boas e ruins. Mas depois que passo para o papel, consigo descansar e voltar a dormir.
No CAPES fui tratada como tendo problemas mentais, em nenhum momento meu caso foi pensado como espiritual. E todo o material que escrevi foi jogado fora.
Muitas vezes ouço uma voz que me passa ordens. Por exemplo, às vezes quero sair de casa, mas quando vou para a rua, vem a voz e diz: "volta!" "não saia hoje"...
Teve um dia que meu pai chegou em casa e a voz me fez  falar: "pai, vai pedir perdão à Madalena e vai se confessar ao padre". Não sei porque falei aquilo, mas depois descobri o que tinha acontecido. E a voz tinha razão.
Não me recordo quando foi a primeira incorporação. Não sei precisar, lembro que fiquei com o corpo todo arcado. Tinha consciência, mas não conseguia endireitar o corpo. A família tentava ajudar, sem conseguir. Uma senhora vidente que estava por perto diz que ao meu lado havia uma "senhora" que me protegia. Seria uma "preta-velha" e a energia dela se refletia no meu corpo.

Essa idosa que tem uma mediunidade ostensiva afirma que as sensações são muito diferentes em cada prática meditativa, mas, de forma geral, sente muita leveza da cintura para cima e as dores que sente no joelho devido a um desgaste nas articulações diminuem quando medita. Afirma que costuma "sair do ar" e ver luzes coloridas em sua mente. Em uma das ocasiões, afirma ter visto um "furação" de cor lilás claro que descia em direção à Terra, e um roxo escuro em frente ao rosto. Disse que, neste dia, relaxou muito e quase dormiu. Afirmou que se sente bem e mais disposta nos dias em que vê muita luz branca e dourada na sala de meditação e quando suas mãos ficam quentes.
Em suma, podemos dizer que a Meditação Integrativa e as demais técnicas da TVI são importantes ferramentas para os projetos de anima-ação cultural que se preocupam com a autorrealização no mundo contemporâneo, caracterizado pela esquizofrenia e pelo excesso de estímulos.
Neste estudo optamos em realizar uma "analética"[1] junto aos idosos médiuns utilizando a perspectiva da Linha de Pesquisa Práticas Sociais e Processos Educativos e concordando com OLIVEIRA, quando afirma:

envolver-se pelo trabalho, a vontade de melhor conhecer, o saber e o sabor da convivência, nos remete a pensamentos e sentimentos, que do nosso ponto de vista não são antagônicos à rigorosidade científica, ao contrário, atribuem ao fazer ciência um especial rigor: amorosidade, acolhimento, indignação, esperança, simplicidade, colaboração. Um desejo de tornar-se mais humano, de humanizar-se no sentido de vida mais justa. Por essas razões, com essas posturas e por esses meios, buscamos conhecer e compreender processos educativos próprios a práticas sociais. (2014, p. 43)

Mas é importante sempre ressaltar que não somente os médiuns podem se beneficiar com a técnica. Professores e outros profissionais que lidam com o público e sofrem um tipo agudo de estresse classificado pelos profissionais da saúde como Burnout também se sentem aliviados após cada sessão. Mas é importante ressaltar sempre o objetivo animagógico que motivou sua criação e sua prática: mais do que a cura, o que se busca com a prática da Meditação Integrativa é o desabrochar do Homo spiritualis, uma nova maneira de Ser no palco da vida humanizada e encarnada, um ser humanizado liberto de dogmas religiosos, mas liberto também do cientismo contemporâneo e que se torna capaz de vivenciar com habilidade espiritual a vida cotidiana.






[1] Enrique DUSSEL (1982) entende por método analético o movimento de aceitação ética da alteridade, do rosto do outro em um compromisso libertário a partir da real história vivida, sendo capaz de ouvir a voz daquele que clama de forma aflita, oprimida e excluída, construindo um diálogo entre iguais.

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