quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

O erro de Morin


Adilson Marques - asamar_sc@hotmail.com

Edgar Morin, considerado um ateu convicto, é um crítico do chamado "paradigma cartesiano", que seria reducionista e simplificador, separando corpo e espírito, homem e natureza, entre outras disjunções. Contra esse paradigma propõe o da "complexidade". Porém, sua complexidade se mostra reducionista, sobretudo, quando se refere à noosfera, um dos temas principais do pensamento de Teilhard de Chardin e outros autores espiritualistas, como é o caso do brasileiro Ernani Maria Fiori. Para estes, a noosfera se refere a uma realidade espiritual ou transcendente e, um pensamento realmente complexo, levaria isso em consideração. Mas não é o caso de Morin. Em seu livro o Método 4, no qual aprofunda sua leitura sobre a noosfera, afirmará que é nela que habitam os mitos, os deuses e os espíritos. Morin chega a descrever uma reunião mediúnica onde um exu se manifesta. Ele diz que o exu realmente toma o corpo e a mente do médium, mas vai concluir que tudo não passa de criação do cérebro do médium e quando esse morrer, o exu morrerá junto. Em resumo, a dimensão espiritual ou noosfera, para Morin, é semelhante ao que o movimento que identifico como neurocientismo pensa. Ou seja, que tudo aquilo que as doutrinas religiosas e as filosofias espiritualistas associam ao transcendentalismo não passaria de uma criação do cérebro. Em outras palavras, o mundo espiritual seria apenas o fruto de uma função bio-química criada pelo cérebro e se desmancharia com a morte física. 
Contraditoriamente, é o "paradigma cartesiano" que se mostra complexo, pois além de apontar para a existência real do espírito, afirmando que o mesmo sobrevive à morte física, durante a encarnação não é possível separar o que é o espírito (que não é possível dividir) e o corpo (que é divisível), escreve Descartes.
De forma paradoxal, a complexidade de Morin é reducionista, pois reduz toda a riqueza da vida espiritual a uma mera criação cerebral, nada mais do que o reducionista pensamento empírico sempre fez.

São Carlos, 15 de dezembro de 2016 - dia de Santa Virgínia que, viúva aos vinte anos de idade e com duas filhas para cuidar, também se dedicava a assistência aos marginalizados, aos idosos e aos doentes, exemplificando uma vida de real complexidade motivada pela fé .

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